
O deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante) questionou os argumentos usados pelos advogados de Jair Bolsonaro (PL) para afastar a participação do ex-presidente na suposta tentativa de golpe de Estado no país. Em entrevista à imprensa nesta quinta-feira (4), questionou se seria necessário um “derramamento de sangue” para comprovar as articulações golpistas após a derrota do ex-presidente nas eleições de 2022 e criticou a entrada de evangélicos nas tratativas para conceder anistia aos envolvidos na trama golpista e nos ataques do 8 de janeiro.
“[O advogado de Bolsonaro] fez um discurso dizendo que é um absurdo [o julgamento], que não houve golpe. Quando você pega ele próprio falando antes de ser o advogado do Bolsonaro, ele está dizendo que não resta dúvida que teve o golpe, apenas não derramou o sangue. Precisava? A gente ia esperar cortar o pescoço do presidente, do vice-presidente e matar o ministro [Alexandre de Moraes] do Supremo? E vocês acham que seriam só essas mortes?”, pontuou o deputado.
Para jornalista, Isidório comentou também sobre o PL da Anistia, que pode beneficiar Jair Bolsonaro em caso de condenação pelo Supremo. O baiano se manifestou contra o projeto. Para ele, os evangélicos foram “seduzidos” para participar das articulações para a aprovação da proposta na Câmara.
“Eu tenho preocupação com essa anistia. […] Todos os grandes que planejaram matar não podem e não devem ser anistiados não. Os nossos irmãos, policiais, evangélicos que entraram de gaiato, se é que não são iguais a eles. […] Muita gente que entrou de gaiato, que foi seduzido, não sabia que se tratava de um esquema para [matar autoridades]. Graças a Deus que as forças armadas não se curvou a essa covardia, a essa tirania e por isso não tivemos o golpe”, acrescentou.
Julgamento
O julgamento por tentativa de golpe de Estado foi iniciado na quarta-feira (3) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os investigados estão o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus.
O ex-mandatário e os demais réus fazem parte do “núcleo crucial” da suposta organização criminosa. Jair Bolsonaro é investigado pelos crimes de liderar organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano contra patrimônio da União; e deterioração de patrimônio tombado.
Os advogados de Jair Bolsonaro negam a participação do ex-presidente na trama golpista.