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Caminhada da Liberdade celebra Consciência Negra e luta por igualdade



Fotos: Neison Cerqueira/ bahia.ba



A 22ª Caminhada da Liberdade acontece em Salvador nesta quinta-feira, dia 20 de novembro, marcando o Dia da Consciência Negra com o tema “Descolonizar a África é libertar o Brasil”.

A concentração ocorreu às 12h na sede do Ilê Aiyê, no Curuzu, e o percurso de saída começou às 13h30, seguindo em direção ao Pelourinho. A homenagem desta edição é ao presidente de Burkina Faso, Ibrahim Traoré. Para celebrar o momento, o bahia.ba marcou presença no local e conversou com líderes da comunidade.

Para o presidente do Fórum de Entidades Negras da Bahia (Fenaba), Raimundo Bujão, a escolha por homenagear Traoré se justifica pela “revolução” que ele vem realizando no continente africano.

“Na verdade, a gente sabe que os europeus invadiram a África, repartiram o continente em vários pedaços, e hoje surge Traoré como uma grande liderança jovem, com 36 anos, que está revolucionando todo o continente africano, mostrando que a África precisa se descolonizar”, afirmou Jorge, na Senzala do Barro Preto.

Ainda segundo o responsável pela Fenaba, não havia outra forma de vincular a realidade brasileira com a de Burkina Faso, na África Ocidental.

“Nós entendemos que o Brasil viveu quase quatro séculos sob a égide da escravidão. Então, a gente despertou para a ideia de que descolonizar a África é libertar o Brasil. Queremos que a população brasileira acorde para compreender sua origem, sua história e, com isso, transformar a realidade em que vivemos hoje”, acrescentou.

A força do movimento

O diretor do Ilê Aiyê, Edmilson Lopes, explicou que a força e o sentido desse movimento para as comunidades afro são de extrema importância.

“Para nós, aqui na Bahia, este será o primeiro ano com o feriado facultativo, e a gente precisa que o povo venha, que esse dia seja um momento de reflexão, de movimento, de falar das nossas questões, de discutir a desigualdade social e as questões políticas, porque precisamos estar envolvidos com política”, celebrou Edmilson.


Segundo ele, é papel e missão do Ilê fazer parte dessa história e lutar contra a desigualdade e a exclusão. “A gente quer inclusão. E hoje, no 20 de Novembro, queremos que todos estejam aqui, participando desse movimento, se incluindo, entendendo que fazem parte ativa desse processo. Nós somos protagonistas. Somos nós que estamos aqui. Não é um movimento de festa, é um movimento de luta”, pontuou o diretor.

No sábado, dia 22, acontecerá o ensaio do Ilê Aiyê, para o qual todas as agremiações e blocos afro estão convidados. “Vamos trazer a banda Ouri Sum e outros convidados. Também teremos o encerramento do Festival Salvador Capital Afro, porque é assim: vamos fechar um ciclo e trazer outras discussões. Isso tudo precisa acontecer o tempo todo, seja no esporte, nas escolas, nos movimentos sociais, nos shows”, concluiu Edmilson.
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